sexta-feira, 18 de março de 2016

Se Lula roubou, ou é corrupto, tem que ser preso, provados que sejam esses factos em julgamento imparcial. O mesmo digo em relação a Sócrates. Pré-julgá-los e condená-los por suspeições, é aberrante

Começo por uma declaração de interesses: sou Amigo de Lula há décadas, desde os tempos em que ele era o maior líder sindical da América Latina, e eu era Secretário-Geral da UGT, encontrei-me com ele dezenas de vezes, construímos uma boa, sadia e recíproca amizade. Falamos longamente sempre que se candidatou à Presidência do Brasil. Teve sempre a atenção e a amizade de me explicar e ouvir sobre as razões e riscos dessas candidaturas. Quando foi eleito, vivi esse momento com uma enorme alegria, não por ser amigo do Presidente do Brasil, mas por saber bem aquilo que ele se propunha fazer pelo seu País.
Acompanhei os seus dois mandatos muito de perto, já que passei a maior parte desse período no Brasil, onde, in loco, pude assistir ao "milagre" de uma gestão virada para os mais fracos, pobres e oprimidos. Milhões de crianças que passavam fome, e só comiam a precária refeição que recebiam na escola, passaram a comer duas refeições quentes por dia; dezenas de milhões de brasileiros que viviam na pobreza mais abjecta, passaram a dispor de rendimentos sociais que lhes permitiram suprir as necessidades básicas, designadamente a fome e a subnutrição. O modelo económico seguido, privilegiando a procura interna, sem descurar as exportações, criou dezenas de milhões de postos de trabalho. O salário mínimo, para desespero das elites empresariais, triplicou durante os seus mandatos.
Num dos países mais desiguais do mundo, com fortunas indecorosas e uma legião de mais de cem milhões de pobres e indigentes, criou as condições favoráveis ao aparecimento de uma classe média de largas dezenas de milhões de cidadãos, forte e com razoáveis condições de vida. e de acesso ao consumo.
O Brasil de Lula atingiu taxas de crescimento económico próximas das da China, e com isso afastou, durante sete anos, os impactos brutais das crises do sub-prime e das dívidas soberanas.
Pagou toda a brutal e asfixiante dívida, que herdou dos seus antecessores, ao FMI.
Produziu uma das maiores "metamorfoses" política, económica, financeira e social, a nível mundial.
Ganhou jus ao estatuto de "Herói" junto do seu povo. Quando deixou o Palácio do Planalto, no final do seu mandato, tinha uma taxa de aprovação popular de 80%.
As elites brasileiras, os detentores de grandes fortunas, os resquícios do "Coronelismo" ainda plasmados no nordeste, os especuladores e os famigerados mercados nunca lhe perdoaram essa revolução. Perceberam que enquanto ele tivesse a auréola que construiu, eles não voltariam ao poder.
Daí o cerrar fileiras, mobilizando todos os recursos, inclusive jurídicos para "tramar" a sua eliminação política.
Essa "associação criminosa" que se juntou, sabia que o afastamento de Dilma, com Lula politicamente vivo, não lhes garantia o acesso ao poder, daí tudo fazer, usando métodos próprios do nazismo para proceder à sua eliminação selectiva.
 A operação montada pelo juiz Moro e pela Polícia Federal por ele "comandada", para proceder à sua detenção coercitiva para depor (ele que nunca se tinha negado a fazê-lo),  parecia projectada por Spielberg, Ryan Scott, ou qualquer outro grande director de super produções de Hollywood.
Ele preparou, montou e exibiu um show carnavalesco que envergonharia qualquer justiça do mundo civilizado, perante um silêncio no mínimo comprometedor do Supremo Tribunal (que Lula rotula, nos criminosos grampos feitos e divulgados pelo juiz de "Corte acovardada")
Nesse dia, ás seis da manhã, apareceram duzentos (200) policiais armados de metralhadoras, muitos  encapuçados, à porta de Lula e invadiram a sua residência para a busca. Tudo, testemunhado por centenas de jornalistas, que uma hora antes da operação, ás cinco da manhã, já lá se encontravam a aguardar o desfile da "Escola de Samba de Sérgio Moro". Por cima, nos céus, já andavam em rodopio os helicópteros da Globo para os "diretos". Não há que espantar, porque o complôt é mediático-policial, para atiçar o fogo e incendiar o Brasil política e socialmente.
À semelhança do que disse e escrevi em ralação ao processo Sócrates, em Portugal, não ponho as mãos no fogo, por ninguém. Infelizmente, como diz o Povo, "no melhor pano cai a nódoa".
A Lei tem que ser igual para todos, ninguém poderá estar acima da Lei, e, os responsáveis políticos que prevariquem tem que ser exemplarmente punidos com a mais grave medida contida no Código Penal. Mas essa condenação e punição tem que ser consequência de processos com grande lisura, onde o contraditório seja respeitado, onde a investigação decorra com a maior discrição, sigilo e rigor, para depois acontecer um julgamento público, transparente, enformado no Código do Processo Penal e na Constituição,
Ora vamos ler com atenção o que este juiz Moro, apaixonado pela operação italiana "Mãos Limpas" escreveu num trabalho intitulado "Considerações sobre a Operação Mani Pulite; LEIAM COM ATENÇÃO.
"os vazamentos seletivos das acções da Lava Jato contribuem decisivamente para o êxito da operação, os vazamentos serviram nas Mãos Limpas, e servem agora um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve e mantém o interesse do público elevado, e os políticos na defensiva (...) importante garantir o apoio da opinião pública ás acções judiciais, impedindo que as figuras públicas obstruíssem e obstruam, no casa da Lava Jato, o trabalho dos magistrados.
Esta "práxis" deste juiz, acompanhada em Portugal pelos magistrados que investigam Sócrates, não é JUSTIÇA DEMOCRÁTICA; esta era a JUSTIÇA FASCISTA E NAZI DE HITLER, inspirada  no filósofo alemão do Direito, Carl Schmidt.
Esse trabalho supracitado, do juíz de Curitiba está cheio de erros e imprecisões, próprias de uma pessoa frívola, ousada e prenhe de desfaçatez, provocada por uma ambição desmedida e de uma ignorância envolta em, quiméras e atrevida empáfia provinciana. 
Ora é este personagem, que começa a ser visto pela direita brasileira e pelos que por ela se tem deixado manipular, como alguém possuído de uma missão redentora, capaz de seguir Pedro, o Eremita, a caminho da Terra Santa para arrancar o sepulcro de Cristo das mãos infiéis.
Ora, se o poder corrompe, a fama também corrompe, a idolatria cega, e o ódio mata. E este Sergio Moro odeia Lula, Dilma e o PT, porque aderiu consciente, ou inconscientemente ao conservadorismo moralista militante, e a sua megalomania alimenta-se de fama, reconhecimento e proselitismo.
Todas as manhãs, quando acorda e olha para o espelho ele vê o novo Herói brasileiro, que destruiu o Presidente operário metalurgíco que ele abomina e por quem sente um profundo desprezo e um vomito intelectual

Sem comentários:

Enviar um comentário