Acompanhei os seus dois mandatos muito de perto, já que passei a maior parte desse período no Brasil, onde, in loco, pude assistir ao "milagre" de uma gestão virada para os mais fracos, pobres e oprimidos. Milhões de crianças que passavam fome, e só comiam a precária refeição que recebiam na escola, passaram a comer duas refeições quentes por dia; dezenas de milhões de brasileiros que viviam na pobreza mais abjecta, passaram a dispor de rendimentos sociais que lhes permitiram suprir as necessidades básicas, designadamente a fome e a subnutrição. O modelo económico seguido, privilegiando a procura interna, sem descurar as exportações, criou dezenas de milhões de postos de trabalho. O salário mínimo, para desespero das elites empresariais, triplicou durante os seus mandatos.
Num dos países mais desiguais do mundo, com fortunas indecorosas e uma legião de mais de cem milhões de pobres e indigentes, criou as condições favoráveis ao aparecimento de uma classe média de largas dezenas de milhões de cidadãos, forte e com razoáveis condições de vida. e de acesso ao consumo.
O Brasil de Lula atingiu taxas de crescimento económico próximas das da China, e com isso afastou, durante sete anos, os impactos brutais das crises do sub-prime e das dívidas soberanas.
Pagou toda a brutal e asfixiante dívida, que herdou dos seus antecessores, ao FMI.
Produziu uma das maiores "metamorfoses" política, económica, financeira e social, a nível mundial.
Ganhou jus ao estatuto de "Herói" junto do seu povo. Quando deixou o Palácio do Planalto, no final do seu mandato, tinha uma taxa de aprovação popular de 80%.
As elites brasileiras, os detentores de grandes fortunas, os resquícios do "Coronelismo" ainda plasmados no nordeste, os especuladores e os famigerados mercados nunca lhe perdoaram essa revolução. Perceberam que enquanto ele tivesse a auréola que construiu, eles não voltariam ao poder.
Daí o cerrar fileiras, mobilizando todos os recursos, inclusive jurídicos para "tramar" a sua eliminação política.
Essa "associação criminosa" que se juntou, sabia que o afastamento de Dilma, com Lula politicamente vivo, não lhes garantia o acesso ao poder, daí tudo fazer, usando métodos próprios do nazismo para proceder à sua eliminação selectiva.
A operação montada pelo juiz Moro e pela Polícia Federal por ele "comandada", para proceder à sua detenção coercitiva para depor (ele que nunca se tinha negado a fazê-lo), parecia projectada por Spielberg, Ryan Scott, ou qualquer outro grande director de super produções de Hollywood.
Ele preparou, montou e exibiu um show carnavalesco que envergonharia qualquer justiça do mundo civilizado, perante um silêncio no mínimo comprometedor do Supremo Tribunal (que Lula rotula, nos criminosos grampos feitos e divulgados pelo juiz de "Corte acovardada")
Nesse dia, ás seis da manhã, apareceram duzentos (200) policiais armados de metralhadoras, muitos encapuçados, à porta de Lula e invadiram a sua residência para a busca. Tudo, testemunhado por centenas de jornalistas, que uma hora antes da operação, ás cinco da manhã, já lá se encontravam a aguardar o desfile da "Escola de Samba de Sérgio Moro". Por cima, nos céus, já andavam em rodopio os helicópteros da Globo para os "diretos". Não há que espantar, porque o complôt é mediático-policial, para atiçar o fogo e incendiar o Brasil política e socialmente.
À semelhança do que disse e escrevi em ralação ao processo Sócrates, em Portugal, não ponho as mãos no fogo, por ninguém. Infelizmente, como diz o Povo, "no melhor pano cai a nódoa".
A Lei tem que ser igual para todos, ninguém poderá estar acima da Lei, e, os responsáveis políticos que prevariquem tem que ser exemplarmente punidos com a mais grave medida contida no Código Penal. Mas essa condenação e punição tem que ser consequência de processos com grande lisura, onde o contraditório seja respeitado, onde a investigação decorra com a maior discrição, sigilo e rigor, para depois acontecer um julgamento público, transparente, enformado no Código do Processo Penal e na Constituição,
Ora vamos ler com atenção o que este juiz Moro, apaixonado pela operação italiana "Mãos Limpas" escreveu num trabalho intitulado "Considerações sobre a Operação Mani Pulite; LEIAM COM ATENÇÃO.
"os vazamentos seletivos das acções da Lava Jato contribuem decisivamente para o êxito da operação, os vazamentos serviram nas Mãos Limpas, e servem agora um propósito útil. O constante fluxo de revelações manteve e mantém o interesse do público elevado, e os políticos na defensiva (...) importante garantir o apoio da opinião pública ás acções judiciais, impedindo que as figuras públicas obstruíssem e obstruam, no casa da Lava Jato, o trabalho dos magistrados.
Esta "práxis" deste juiz, acompanhada em Portugal pelos magistrados que investigam Sócrates, não é JUSTIÇA DEMOCRÁTICA; esta era a JUSTIÇA FASCISTA E NAZI DE HITLER, inspirada no filósofo alemão do Direito, Carl Schmidt.
Esse trabalho supracitado, do juíz de Curitiba está cheio de erros e imprecisões, próprias de uma pessoa frívola, ousada e prenhe de desfaçatez, provocada por uma ambição desmedida e de uma ignorância envolta em, quiméras e atrevida empáfia provinciana.
Ora é este personagem, que começa a ser visto pela direita brasileira e pelos que por ela se tem deixado manipular, como alguém possuído de uma missão redentora, capaz de seguir Pedro, o Eremita, a caminho da Terra Santa para arrancar o sepulcro de Cristo das mãos infiéis.
Ora, se o poder corrompe, a fama também corrompe, a idolatria cega, e o ódio mata. E este Sergio Moro odeia Lula, Dilma e o PT, porque aderiu consciente, ou inconscientemente ao conservadorismo moralista militante, e a sua megalomania alimenta-se de fama, reconhecimento e proselitismo.
Todas as manhãs, quando acorda e olha para o espelho ele vê o novo Herói brasileiro, que destruiu o Presidente operário metalurgíco que ele abomina e por quem sente um profundo desprezo e um vomito intelectual
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