sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Portugal, país de milagres, poderá beneficiar de uma 2ª volta nas eleições presidenciais. Mas não é muito provável.

Sempre pensei que a esquerda, sociologicamente maioritária, em Portugal, tivesse aprendido com os erros crassos que cometeu nas eleições que deram duas vitórias a Cavaco Silva.
Desta vez, além dessas ilações existia um outro factor determinante: o candidato apresentado pela direita beneficiava de uma notoriedade ímpar que lhe foi conferida por longos anos de comentários políticos, em "prime-time" nos mais variados canais televisivos. Perante esta situação concreta, a esquerda tinha que ter sabido consensualizar um candidato único, com um perfil que igualasse, ou se aproximasse do de Marcelo Rebelo de Sousa. Só que a esquerda tem uma outra prioridade em relação ás eleições presidenciais: o campeonato entre as respectivas forças, PS, BE e PCP, para tentar ganhar espaço e posições entre si. O PS defendendo a sua posição de líder da esquerda; o Bloco tentando aproximar-se do PS, e "engoli-lo", se puder, mas também relegar o PCP definitivamente para o terceiro lugar desse "campeonato"; enquanto os comunistas tudo farão para recuperar a posição perdida para Catarina Martins e suas tropas. E, esta espécie de 2ª Liga, obnubila as lideranças destes partidos, permitindo o triste espetáculo que os seus candidatos estão a dar, numa luta fratricida, com sistemáticos ataques de carácter, para total gozo e satisfação do candidato "independente" da direita.
Ora, se esta competição à esquerda, aliada a inúmeras vaidades pessoais, impedia uma candidatura única, apoiada pelas três forças políticas que suportam este governo, um mínimo de bom senso obrigava-os a assestarem as suas "baterias " contra Marcelo. Mas, por inexplicável que seja, apostaram no "fogo" entre amigos, poupando o inimigo, que lhes competia "destruir", politicamente falando.
O povo, com a sua ancestral sabedoria, costuma dizer: "na primeira quem quer cai", "na segunda só cai quem quer" e " na terceira só cai quem é burro".
Ora a esquerda foi burra, e agora, à boa maneira portuguesa, embora se afirmando laica, fica à espera do "milagre". Pouco provável, porque se Marcelo não fizer os 51% e ficar nos 48/49%, a situação não será a mesma de 1985. Em primeiro lugar, porque grandes lideres como Álvaro Cunhal, que mandam os seus prosélitos fechar os olhos e votar disciplinadamente em quem o Partido determina, já não existem, depois, porque há feridas enormes dificeis de cicatrizar, em duas semanas. Sublinho a campanha miserável de ataques pessoais e de carácter feitos por Marisa Matias a Maria de Belém, bem como ataques complexos entre esta e Sampaio da Nóvoa, o que tornará quase impossível que na madrugada de domingo os oito derrotados se ponham ao lado do segundo mais votado, mas, "last but not least" nenhum deles tem o domínio dos seus eleitores que impeça que dois ou três por cento deles  acabem por votar Marcelo, na segunda volta.
Para mim, a campanha foi tão decepcionante, que tendo eu um candidato em quem iria votar, por erros dele, senti-me impedido, em consciência, de o fazer.
Pela primeira vez na minha vida, na primeira volta, votarei em branco, querendo sublinhar que se todos os que se vão abster, votassem em branco, como eu, Marcelo não seria eleito.
Na segunda volta, conforme escrevi há dias atrás, votarei e apoiarei qualquer candidato que não seja Marcelo Rebelo de Sousa. Por abstracto, votaria, até, no Tino de Rãs.

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