quarta-feira, 20 de julho de 2016

Brasil o sistema político brasileiro, com mais de 30 partidos, impede qualquer presidente de governar sem "maracutaia", ou corrupção

Quando vou ao Brasil não me canso de repetir que com mais de 30 partidos políticos, o sistema político impede qualquer tipo de governação com transparência e proficiência.
Veja-se o caso dos últimos dois presidentes - Lula e Dilma. Tiveram mais de 50 milhões de votos nas eleições, mas no Congresso Nacional, o partido a que pertencem tem pouco mais de 10% dos deputados. O que significa que para ver qualquer Lei aprovada o Presidente tem que encetar negociações, que derivam para negociatas, com  30 partidos,. É aqui que nasce a corrupção, com a compra de votos, de cargos, de prebendas de todo o tipo, sem as quais os deputados bloqueiam a acção do Executivo, e não aprovam as Leis, por mais urgentes e importantes que sejam para o País.
Quando os meus amigos brasileiros começam a responsabilizar o PT pela corrupção eu digo-lhes que era bom que assim fosse. Bastaria acabar com o PT, nas urnas, ou na Justiça, e acabaria a corrupção no Brasil. Ora, com este sistema político, mesmo que se meta na cadeia todo o PT a corrupção e o fisiologismo continuam, agora interpretados pelos novos detentores do poder e da governação. Jamais será de outro jeito, se não se fizer uma mudança radical das Leis políticas e eleitorais.
A juntar a tudo isto há uma questão ancestral de vício e de natureza da classe política brasileira para quem o serviçopúblico e a defesa do interesse colectivo foram sempre secundarizados, face ao nepotismo e aproveitamento (enriquecimento) pessoal.
Para os mais céticos vou passar a transcrever o que em 1931 escrevia Jorge Amado no fantástico livro "País do Carnaval":
Encontraram um baiano. Deputado pelo sul do Estado. Na cabeça pequena e orelhas grandes mostrava ser um tarado da imbecilidade.
José Augusto fez as apresentações:
- Dr. António Ramos, deputado pela Bahia. Dr. Paulo Rigger, que acaba de chegar da França. É filho do velho Godofredo...
- Oh, muto prazer em conhec^-lo... Somos patrícios...
- Somos três patrícios... disse José Augusto.
Sentaram-se num bar a tomar um aperitivo. Em honra da Bahía brindou o deputado. A conversa girou sobre a sucessão presidencial. O deputado era prestista (não petista).
- Ah! Os gaúchos querem o poder...Somente o poder...Não tem Pátria nem nada.
- Tem razão, doutor, tem toda a razão... - apoiou José Augusto, Depois, perguntou baixo ao deputado: - E os negócios, doutor? Sempre umas comidinhas, não é?
- Às vezes... Agora a coisa está ruim, nem vale a pena ser deputado... Mas, no momento, todas as minhas forças estão voltada para a Pátria. Irei até fazer um discurso, contra os oposicionistas... Devem ir assistir... Será um notável discurso, tendo-se despedido.
Paulo Rigger ficou a olhar o deputado, na rua, a cumprimentar para os lados numa pose de dono do mundo e da felicidade.
José Augusto explicava:
- Aqilo era um imbecil... Fazia política porque casara com a filha de um sujeito de grande influência. Era apenas o genro do Senhor Fulano. Em paga disso deixava a mulher fazer o que bem entendesse... E ela não valia nada. Uma falta de vergonha...
- Os deputados são todos assim?
- Todos. Uma corja. Uns ladrões... Não tem o verdadeiro patriotismo. É um venha a mim horrível. O que o Brasil precisa é de uma revolução... A revolução cortaria a cabeça a um grande número de políticos, pagaria a dívida externa e o País entraria no caminho da prosperidade...
- Mas, ao que me parece, os políticos da oposição são iguais a estes. (fim de citação).
Se os meus amigis brasileiros lessem ao menos os seus clássicos, não alimentariam a discussão estéril e patética  sobre se as culpas são do PT, do PMDB, do PSDB, etç.
As culpas já vem de trás. Existia corrupção no tempo do Império, em 1931, em 2016, e, se não houver a tal revolução no sistema político, haverá corrupção no anos 2116.http://www.brasilpost.com.br/danilo-alves-de-sousa/quao-lucrativo-e-ter-um-p_b_10972112.html?utm_hp_ref=brazil

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